Plantio do Baobá di NiLu no
Paço Municipal de Campinas - SP
Homenagem à Memória do Povo Preto
que construiu essa Cidade
Uma homenagem a duas personalidades históricas e representativas da causa e das lutas do Movimento Negro
desta cidade: Benedito Luiz Amauro (Lumumba) (1946 + 2023) e Dra. Nicéa Quintino Amauro (1976 + 2023), pai e filha,
nascidos e sepultados recentemente em nossa cidade.
Em homenagem a essas duas pessoas, e tantas outras, filhas dessa cidade, de projeção e
reconhecimento nacional, de extrema importância para nossa história e para a memória da
presença e da contribuição negra na construção de Campinas, vamos realizar o plantio de um
Baobá (Baobá di NiLu) no Paço Municipal - Av Anchieta, 200, como forma de reconhecimento e
compromisso com a valorização histórica da contribuição negra.
Esse dia 02 de Julho passa a integrar o calendário de comemoração do Aniversário
de Campinas visto que, também estamos comemorando um quarto de milênio da presença
das Áfricas em Campinas. BaobAfriCampinas!!!
* O dia 2 de julho foi escolhido por ser o dia do nascimento de Mestre Lumumba mas, também, em referência o dia de comemoração da
Independência da Bahia em 1823, onde se registrou o protagonismo de mulheres como Maria Felipa de Oliveira, uma mulher negra, pescadora,
marisqueira e ganhadeira, que lutou nas batalhas de Independência do Brasil na Ilha de Itaparica (Bahia – BA).
Ela teria comandado um grupo de cerca de 40 mulheres para, primeiro seduzir os portugueses, e depois, atear fogo às embarcações deles.
Recomendamos que acesse nossa plataforma BAOBÁXIA, um lugar onde você vai encontrar muitas informações produzidas e organizadas pela Rede Mocambos, uma rede de quilombos distribuídos pelo Brasil.
Acesse o BaobáxiaA concentração e o início dos trabalhos ocorrerão no Largo do Rosário, com exposição de painéis homenagiando pessoas e a história do povo preto, acolhimento dos grupos tradicionais da cidade e realização do cortejo rumo ao Paço Municipal para a realização do Ritual de Plantio do Baobá.
Inscreva-se em nossa Lista para receber notícias sobre o Plantio do Baobá di NiLU e sobre as atividades que serão desenvolvidas.
A vida é como um algoritmo, possui 3 etapas: “Entrada” – da concepção ao “Nascimento”; “Processamento”
– espaço de tempo pra realizar, processar, sentir e compreender as coisas. “Vida”; e “Saída” - momento que,
num suspiro, marca o fim da nossa existência material “Morte”. Depois disso, imagino que, renasceremos como
um algoritmo do tempo infinito e nos transformaremos numa coisa só, como tudo acaba sendo.
até lá continuarei processando o tempo que o tempo me deu pra lembrar, talvez contar também, esse tantão de
tempo que pudemos caminhar juntos. Valeu aprendi com você ser livre e ser feliz.
Olorum sempre foi muito justo com a gente, ase!!!
Pra não correr o risco de bugar meu HD de memórias vou começar de trás pra frente e contar uma
das últimas do negão, ou seja: coisas que só poderiam acontecer com Lumumba.
Aquela expressão antiga “ mas será o Benedito?” agora tem uma versão nova: Lumumba 7.7/23.
Começa assim: no dia 29.03.23, reuni os filhos do Lumumba N’céia, Miró, Juninho e Orokzala,
para irmos visitá-lo e discutir, junto com Nadya e os médicos, sobre o estado de saúde do meu
irmão que, depois de 23 dias, continuava sedado e sem sinais de recuperação. Momento difícil,
angustiante e cheio de tensões. Chegamos na UTI e conseguimos, um por vez, ficar alguns minutos
com ele, primeiro foi N’céia, depois Juninho, Miró e Orokzala. Quando Orokzala sai chega o
médico de plantão (cubano) e reuniu os filhos pra explicar a situação. Era minha vez de entrar pra
visitá-lo. Entrei na sala de preparo e botei a touca, a máscara, as luvas, o jaleco etc.... e me dirigi
pro leito onde o Lumumba estava desde a primeira vez que fui visitá-lo, essa era a terceira. Cheguei
ao lado da cama e vejo ele todo cheio de aparelhos e tubos ligado nele e ele apagadão. Fui logo
dando uma ideia no negão: você tá me ouvindo? Dá um sinal, precisamos conversar, meu irmão tu
vai ter que falar comigo agora ..... Comecei fazer cafuné no negão, massagem no peito pra ajudar
ele respirar, aquecer as mãos dele que estavam frias, puxar a orelha dele pra ver se ficava bravo,
cantar musicas que a gente sempre cantava juntos. Por um momento tive a impressão de que a
feição dele havia mudado e ele estava mais sereno.
Nesse momento aparece uma enfermeira, meio consternada e meio sem jeito e me pergunta: o Sr
não está procurando pelo paciente Benedito? Sim, respondi é esse aqui, meu irmão! Ela afirma:
não, o Benedito que o Sr conhece é outro, esse é o Benedito (X) o que você procura é o Benedito
Amauro, não é?, me acompanhe! Me levou pra uma outra ala da UTI e pasmem: outro Benedito,
dessa vez o Lumumba que eu conheço há mais de 50 anos. Entrei em parafuso, como é que pode ?
Será o Benedito? Na mesma UTI, no mesmo estado de saúde, com a mesma cara, com a mesma
carapinha calva branca. Lumumba arrumou um dublê pra tirar uma com a nossa cara e, conhecendo
ele como eu conheço, sei que estava se mijando de rir. Paguei o maior mico fazendo cafuné no
paciente errado. Aí tive que reiniciar os procedimentos afetivos, sem nenhum ressentimento, e junto
com o negão rimos muito do episódio. Mas será o Benedito? Tá parecendo história do “Benedito
João dos Santos Silva Beleléu, vulgo Nêgo Dito Cascavél”. Mas olhem, não foi só eu que me
confundi com o dublê de Lumumba não! Como eu queria ouvir a gargalhada debochada do negão.
Te amo meu irmão!!!
Dra. Nicéa Quintino Amauro completou as brilhantes 47 voltas ao redor do Sol, precoce e nos deixa um imensurável legado de lutas, hoje na ancestralidade como estrela, brilha por nós é filha de Griot Mestre Lumumba (in memoriam) e Professora Cidinha Quintino Amauro, amiga e companheira de longas jornadas de lutas no combate e no enfrentamento ao racismo patriarcal em uma sociedade de classes.
Cofundadora da CASA LAUDELINA DE Campos Mello — Organização da Mulher Negra (1989, na cidade de Campinas, SP sendo responsável pela Coordenação de Comunicação e Pesquisa, Coordenadora Adjunta da Rede/Articulação de Organizações de Mulheres Negras Brasileiras — AMNB, impulsora do feminismo negro interseccional contemporâneo, forjada no ativismo negro desde nascimento, abençoada pelos nossos orixás, uma mulher preta da exatas, da ciências e tecnologias, uma doutora em química. Foi Presidenta da Associação Brasileira de Pesquisadores/as Negros/as (ABPN)-(2018-2020), professora da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), uma pesquisadora que inovou estudo de química por meio de “Projeto Crespura”, um estudo pioneiro multidisciplinar em química, ampliando conhecimentos sobre cabelo crespo, desde sua composição química, a textura, permeabilidade e formas de cuidado capilar, o racismo construiu esteriótipos negativos como cabelo duro, duro é a ignorância o cabelo crespo e mole demais não tem peso e duro é o que chamam de liso é pesado comprovado cientificamente. Também inova no estudo do carvão, para além da quimica entrelaça o trabalho análogo a escravidão nas carvoarias brasileiras, cito dois exemplos e muito temos que narrar deste legado de Nicéa Quintino Amauro, pois esta memória será reproduzidos numa futura publicação sobre a história de vida e a trajetória de lutas contra o racismo, sexismo, capitalismo, lesbitransfobia, capacitismo. Nicéa PRESENTE!
Eleonora Aparecida Alves
Eleonora Aparecida Alves – Natural da cidade do Rio de Janeiro em 1962 foi iniciada na religião há 50 anos nos orixás Oyá e Ode”, recebeu cargo e conhecimento de sacerdotisa do Sr. Jorge Lino (Ajátoboassi) seu sacerdote orientador espiritual.
Chegou a Hortolândia no interior de São Paulo em 1979 onde reside até hoje. Cursou dois anos de Pisco Pedagogia na Unisal em Americana. Doné Eleonora foi Presidente da ONG Ilê Asé Omo Oya Bagan Odé Ibô Fundada em 1994. Popularmente como Mãe Eleonora tornou-se há 21 anos grande liderança no município e na macrorregião de Campinas/São Paulo com grande atuação na área cultural. Estava cursando o 2º ano de Gastronomia. Atuava na área de comercialização da culinária afro e afro- brasileira com o acarajé e comidas de tabuleiro, responsável pelo BUFFET e ESPAÇO GOURMET FLOR DO DENDÊ e pelo PROJETO TABULEIRO ANCESTRAL. E em 2021 criou um canal de conteúdo de Educação, Cultura e Gastronomia no YouTube chamado HOJE É DIA DE TABULEIRO. Presidente do ponto de cultura caminhos atua com atividades de formação, produção, articulação e mobilização política na área. Todas as atividades exercidas por Mãe Eleonora tem conceito cultural e de economia solidária tendo como principais atividades as Grito Cultural, Conselho Municipal de Cultura, Roda de Diálogos de Mulheres de Culturas Tradicionais, Baiana filiada desde 2011 na ABAM (Associação das Baianas de Acarajé).
Em 2003 fundou juntamente com sua irmã a ONG Projeto Caminhos na cidade de Hortolândia e que tinha como objetivo promover o resgate e preservação da cultura negra e de matriz africana tendo como público alvo crianças, jovens e adultos da comunidade. Em 2004 teve a iniciativa de propor a uma das jovens que frequentavam sua Entidade, e às quais transmitia seus saberes sobre danças ancestrais a montagem de um grupo de Dança de matrizes africanas, assim, do trabalho conjunto com Érika jovem dançarina e coreógrafa, surgiu o Grupo Ojú Oba. Que destaca-se pela produção cultural, formados por crianças e jovens da comunidade que já realizou cerca de 600 apresentações em seus 14 anos de existência, em espaços culturais, escolas e festivais. Assembléia Legislativa de São Paulo, Fórum Cultural de Paulínia e Campinas, inauguração do Teatro de Itatiba, Sta. Bárbara do Oeste, participou do lançamento do álbum “Mais Romântico” do grupo de Rap A Família, sarau Hip Hop a lápis no espaço cultural da CPFL, do fórum social mundial de economia solidária em Porto Alegre-RS.
No ano de 2009 a entidade foi selecionada no edital público de pontos de cultura do estado de São Paulo, a partir de então o terreiro virou a sede do ponto de cultura.
As atividades acontecem de forma continuam na sede do ponto de cultura em Hortolândia, envolvem crianças, adultos e jovens da comunidade e circulam por toda a Macro região de Campinas, São Paulo e Brasil com oficinas, seminários, encontros e Diálogos, permanentes e ocasionais.
Coordenadora executiva da ABAM (Associação Nacional das Baianas de Acarajé e Mingau e Similares). E representante da mesma no estado de São Paulo. E Membro do Conselho gestor do IPHAN. Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.
Entre os projetos executados pela ONG Caminhos atua como produtora e coordenadora executiva dos seguintes Eventos:
Grito Cultural - 14 Edições 2005 a 2019 evento que tem intenção de valorizar e difundir a cultura de origem afro-descendente dentro das suas múltiplas formas de manifestação como: o Rap, Reggae, Samba, Pagode e Danças regionais e de matrizes Africanas. A cada edição cerca de 3 mil pessoas comparecem ao evento que é realizado na rua em frente a sede do Ponto de Cultura Caminhos/ONG Ilê Asé Omo Oya Bagan Odé Ibô.
Concurso Miss Beleza Negra 13 Edições 2007 a 2019 - Questionando A estética padronizada e imposta pela sociedade e pela mídia como único padrão de beleza da mulher a realização do concurso valoriza e afirma a identidade da mulher Negra.
Domingo Feliz 24 Edições 1995 a 2019 – O Evento é dedicado à comunidade e oferece um dia especial para as crianças no Domingo próximo a 12 de outubro, em celebração à festa popular de Cosme Damião.
Conversa de Botequim no Terreiro de Mainha - Toda Segunda Feira no Espaço Goumet Flor do Dendê no mesmo endereço da sede do Ponto de Cultura Caminhos. Com o objetivo de fortalecer a relação das sacerdotisas com o contexto cultural e reconhecendo o espaço do “sagrado” (terreiro) como também de resistência e preservação sócio cultural são realizadas Rodas de Samba com convidados especiais e novos compositores.
Hip Hop no Terreiro. A primeira Edição foi realizada em 13 de janeiro de 2012 quando será lançado o Livro Poucas Palavras e palestra do MC Renan do Grupo de Rap Inquérito.
Roda de Dialogo de mulheres de culturas tradicionais - 2014 e 2019- Dialogo de mulheres tradicionais, (Baianas de acarajé, benzedeiras, Empreendedoras e mulheres de Axé) como coordenadora executiva da Abam com entrocom intinerantes em todos os municípios onte temos os núcleos e coordenações aqui no estado de São Paulo.
Tabuleiro Ancestral. As ações do projeto é oferecer a mulheres qualificação no oficio de Baiana de acarajé promovendo o acesso as origens do negro tradição cultural do povo e a autoestima da população de descendência afro. A importância desse projeto para a comunidade e os realizadores do mesmo, justifica-se ao contemplar a preservação, divulgação do plano de salvaguarda do IPHAN a formação e qualificação no oficio das Baianas de acarajé.
Idealizadora e colaboradora em diversas outras atividades como Rodas de Dialogos, Coletivo de Mulheres negras ANASTACIA entre outras...
Aos 59 anos Eleonora Alves tem como principal projeto de vida transformar a vida das crianças e jovens da comunidade através da reconstrução e fortalecimento de sua cultura.
Sua grande mestra foi a Ekede da Oxum Maria de Lourdes Alves (em memória), sua mãe biológica.
Hoje todo seu Aprendizado Legado e História permanecem vivos com sua família, amigos e parceiros e todas as atividades festas e frentes que Doné sempre Lutou continuam acontecendo e crescendo cada vez mais ...
"PRA QUEM TEM FÉ A VIDA NUNCA TEM FIM". Doné ELEONORA, hoje é nossa ancestral e pra nós de matriz africana a essência dela sempre vai nos acompanhar...!
Laudelina de Campos Melo, a sindicalista das mulheres
Ativismo, Gênero e Sexualidade, Movimento Negro
À frente do primeiro Sindicato das Empregadas Domésticas do Brasil, ela era conhecida como o “terror das patroas”, o que já conta muito do seu ativismo.
Laudelina de Campos MeloLaudelina de Campos Melo
Pioneira na luta pela valorização do emprego doméstico, Laudelina de Campos Melo é uma das ativistas mais importantes da sua época – vive todo o século XX praticamente, de 1904 a 1991!
Feminista, é personagem central na luta por condições dignas de trabalho para as empregadas domésticas, categoria profissional formada por uma maioria de mulheres pretas.
Laudelina representa um divisor de águas na vida de toda uma geração, embora não tenha vivido para ver aprovada a Lei Complementar nº 150, de junho de 2015, que regulamenta os Direitos dos Empregados Domésticos e os iguala aos demais trabalhadores e trabalhadoras.
Treze de Maio
Laudelina nasce livre na Primeira República – oficialmente, não havia mais escravidão e o Brasil não era mais colônia de Portugal, “conquistas” dos anos de 1888 e 1889.
Na prática, entretanto, nosso país mantinha o pensamento colonial e explorava o trabalho da população negra, como registra a sindicalista na tese “Etnicidade, gênero e educação : a trajetória de vida de D. Laudelina de Campos Mello (1904-1991)”, de autoria professora doutora em Psicologia Social, da Universidade Federal da Bahia, Elisabete Aparecida Pinto:
“A situação da empregada doméstica era muito ruim, a maioria daquelas antigas trabalharam 23 anos e morriam na rua pedindo esmolas. Lá em Santos, a gente andou cuidando, tratou delas até a morte. Era resíduo da escravidão, porque era tudo descendente de escravos.”.
Livre
Com 16 anos, vivendo em sua cidade natal – Poços de Caldas, em Minas Gerais -, Laudelina – Nina, quando criança, e dona Nina, adulta – já participa do movimento negro e cria seu próprio grupo, o Treze de Maio, um ‘clubinho’, em resposta à segregação racial imposta pelos brancos, que impediam a entrada de negros em espaços fechados de lazer.
Mais de 30 anos depois também, em 1954, morando no interior paulista, na cidade de Campinas, para confrontar o racismo estrutural, dona Nina, insubmissa, visionária, inovadora, abre a Escola de Bailado Clássico Santa Efigênia para meninas pretas, com professora de dança preta, em contraste com as escolas de bailes da sociedade branca que sequer admitiam alunas negras.
Raça e classe
Aos 20 anos – empregada doméstica desde os 17 -, casada e com dois filhos, vivendo em Santos, no litoral paulista, cidade do seu marido, Jeremias Henrique Campos de Mello, Laudelina intensifica seu ativismo, disposta a romper com velhas estruturas escravistas.
No início da sua carreira, o serviço doméstico era mencionado nas leis sanitárias e policiais somente com o intuito de proteger a sociedade contra a categoria, “percebida” explicitamente como ameaça em potencial às famílias empregadoras.
Laudelina recebe cumprimentos em evento.Laudelina recebe cumprimentos em evento.
Laudelina queria mudar essa história, ansiava por justiça social, respeito, valorização do seu trabalho, pelo fim das desigualdades e da escassez de direitos e o primeiro passo, primordial para ela, era o despertar de uma consciência coletiva de raça e classe.
É com esta potência no pensar que nasce a primeira Associação de Empregadas Domésticas do Brasil, no ano de 1936, em Santos.
Na pauta de reivindicações, auxílio às trabalhadoras e a seus familiares, inclusão da categoria na CLT, a Consolidação das Leis de Trabalho, que reunia todas as normas que regulam as relações de trabalho entre o empregador e os empregados, direitos e deveres de ambas as partes.
Infância interrompida
Quando criou a associação das empregadas domésticas, aos 32 anos de idade, Laudelina já tinha 14 anos de profissão e 25 de experiência em afazeres domésticos, na cozinha e no cuidado com as crianças.
Isso porque desde os 7 anos de idade ajuda a sua mãe, lavadeira, a cuidar dos cinco irmãos menores e no preparo de doces para vender. Seu pai, lenhador, morre em acidente trabalhista quando ela está com 12 anos. Mas, nessa época, ele já não morava com a família.
Quase como uma predestinação que assombra a vida de muitas crianças pretas e pobres, Laudelina, ainda no primário, é tirada da escola… Ainda os tentáculos da herança escravocrata.
Tanto, que sua história continua a se repetir, neste no século XXI, no cotidiano de muitas crianças negras, apesar de todas as conquistas do nosso povo.
O Mapa do Trabalho Infantil no Brasil conta que as crianças negras representam 62,7% da mão de obra precoce no país. Quando se trata de trabalho infantil doméstico, esse índice aumenta para 73,5%, sendo mais de 94% meninas.
Que sejam todas Laudelinas na garra,
no desejo de escrever outra história…
Frente Negra
A trajetória de Laudelina ganha mais contornos políticos na década de 1930. Além de ter criado a primeira associação de domésticas do Brasil, ela se filia ao Partido Comunista Brasileiro (PCB) e se torna uma das diretoras da Frente Negra Brasileira (FNB), a maior entidade negra do século XX e primeiro partido político negro do país. Lá, ela cria o Departamento Doméstico com foco na conscientização da sua categoria.
A Frente Negra impunha-se como missão “integrar o povo preto à sociedade”, por meio de cursos profissionalizantes, da valorização da cultura negra, da conscientização racial, política e da luta por direitos da população negra e contra a violência policial.
Rosas Negras, grupo da FNB voltado para promover atividades lúdicas, artísticas e culturais. (Imagem: Arquivo pessoal de Márcio Barbosa | Folha)
Rosas Negras, grupo da FNB voltado para promover atividades lúdicas, artísticas e culturais. (Imagem: Arquivo pessoal de Márcio Barbosa | Folha)
Quando da instauração, em 1937, do Estado Novo – regime político caracterizado pela centralização do poder, nacionalismo, anticomunismo e autoritarismo -, toda e qualquer manifestação de grupos políticos, culturais e classistas fica proibida.
A Frente Negra não resiste, mas com o fim da também conhecida como “Ditadura Vargas”, em janeiro de 1946, a associação das domésticas volta à ativa e Laudelina enfrenta perseguições.
Na cadeia
Década de 1960, Campinas, interior de São Paulo, a vanguardista do movimento doméstico cria a primeira Associação Beneficente das Empregadas Domésticas daquela cidade.
Com o golpe militar de 1964, que instituiu novamente uma ditadura no país, sua associação se ‘abriga’ na UDN – partido União Democrática Nacional, para não fechar as portas.
Várias entidades trabalhistas, movimentos estudantis e organizações sociais e políticas entram na clandestinidade. E, desta vez, Laudelina é presa. O crime? Ser comunista.
A prisão dura pouco. A consequência maior é a sua destituição da diretoria da Associação que criou. Mulheres brancas, patroas, assumem o comando da entidade que, logo, é fechada.
Passada pouco mais de uma década, a entidade é reaberta por sua fundadora que segue, nos anos 1970, na luta por reconhecimento, formalização e respeito pela atividade das empregadas domésticas.
Pesa, ainda, sobre a categoria o passado escravista de um país criado para discriminar o povo negro, o povo pobre, o povo trabalhador, mas que não abre mão de usufruir de seus serviços, sem pagar o preço justo por eles.
Soldada comunista
Registre-se que durante a Ditadura Vargas, Laudelina integrou, como voluntária, o Primeiro Batalhão Militar de Santos, mandado para a Itália na Segunda Grande Guerra (1939-1945).
No campo de batalha, ela socorre as tropas, cuida da alimentação dos combatentes e atua como soldada. E, ainda, desmascara um espião alemão infiltrado, fantasiado de freira.
Laudelina de Campos Mello fala sobre sua participação na Segunda Guerra Mundial
(Vídeo: Roniel Felipe | Produção MIS Campinas)
No filme-documentário Laudelina, suas lutas e conquistas, lançado em 2015, ela conta desse seu outro pioneirismo:
“Negras tinham quatro. Sempre a minoria, né! Eu fui a primeira a me alistar no primeiro batalhão. No segundo, tinham três.”
Atual
Laudelina de Campos Melo não completa 87 anos de vida – morre em 22 de maio de 1991. Na sua história, 69 anos de ativismo negro, sindical, feminista e 28 anos de trabalho doméstico remunerado. Em meados dos 1950, ela se torna empreendedora: monta uma pensão em Campinas e vende salgados em campos de futebol.
E essa sua jornada, inteira, é de fundamental importância na trajetória de cada uma de nós. Como comenta a acadêmica Elisabete Pinto, em entrevista para o canal da Casa Laudelina de Campos Mello, a líder síndical sempre esteve à frente de seu tempo, contemplando, na sua ação, o olhar para a interseccionalidade – gênero, raça e classe – que torna a discriminação ainda mais pesada para a mulher negra:
“Ela conseguia entender, à sua maneira, a interseccionalidade entre gênero, raça e classe (…), trazia na prática a ideia que a gente tem hoje (…). Quando a gente fala em gênero, não é simplesmente da relação homem e mulher, mas relação de poder (…) Quando se fala em mulheres empregadas domésticas, mulheres negras e brancas, patroas e empregadas, nós estamos falando de uma relação de gênero que expressa desigualdades entre as mulheres. Laudelina conseguiu perceber isso, algo que muitas feministas conseguiram perceber só depois.”
Fonte: https://primeirosnegros.com/laudelina-de-campos-melo/
Mãe Isabel do Oxóssi (Ekede de Oyá). Ekede Isabel Ya Otum do Ilê Asé Omo Oya Bagan e Ode Ibô. Nasceu no Rio de Janeiro em 16 de março de 1956 .Coordenadora do Ponto de Cultura Caminhos. Estilista da Griffe Criolê .(Unidade de Economia Criativa e empreendimento Solidário do Ponto de Cultura Caminhos). uma referência no município de Hortolândia, região de Campinas, estado de São Paulo onde desenvolveu há mais de 15 anos trabalhos culturais, produção econômica solidária, formação e qualificação, com comunidade local, culturais, grupos de mulheres, produtivos e etc... . Entre as várias ações destacam-se as oficinas de qualificação para crianças, adolescentes, mulheres e outros, com objetivo de promover a qualificação e empoderamento da comunidade visando também sustentabilidade e geração de renda. Titular na Comissão Nacional da rede de pontos de cultura do GT de economia da cultura, trabalhando a relação de ecosol com as comunidades tradicionais de terreiro no viés da sustentabilidade.
Mãe Isabel tinha formação técnica em estilismo e coordenação de moda.
Em todas as representatividades que ela possuiu no panorama da economia solidária e da cultura. Mãe Isabel éra membro da Comissão Paulista de Pontos de Cultura, membro da Comissão Nacional da rede de pontos e membro do colegiado de moda do Ministério da Cultura. Pela Economia Solidária fez parte da coordenação executiva do Fórum Paulista de Economia Solidária (FPES), membro do Fórum Brasileiro de Economia Solidária (FBES), formadora em economia solidária pelo Centro de Formadores em Economia Solidária e Educação Popular (CFES), da rede de formadores estadual, da regional sudeste e nacional.
Assim era o trabalho das Mestra bordadeira/estilista Isabel Cristina Alves, criadora da Griffe Criolê/Centro de Qualificação Profissional, que no ponto a ponto estabelece a marca de sua arte com o resgate das técnicas do bordado, aliado a identidade cultural em suas criações de vestuários, seja retratando com símbolos de pertencimento de território, ou seja nas cores, imagens e temas da cultura de matriz africana.
Além do resgate das técnicas do bordado, o trabalho das bordadeiras da Griffe Criolê traz no seu escopo de ação o empoderamento das mulheres que remodelam seu cotidiano entre linhas, tecidos e bastidores, com a possibilidade de resgate da autoestima, pertencimento e fonte de geração de renda para grupos com vulnerabilidade social e econômica em Hortolândia e outras cidades no entorno.
As ações do projeto serão realizados nos espaços do Centro de Qualifcação Profissional Criolê , sempre propondo a reflexões e debates sobre a inclusão social e econômica do negro, identidade, racismo, empoderamento feminino, e geração de renda tendo a arte e cultura como vetor principal.
Empoderamento
Isabel acreditava na cultura como instrumento de empoderamento, como algo que pode interferir sim na vulnerabilidade social, no combate ao preconceito. “Hoje estamos vivendo uma onda de ódio explícito. O genocídio está explícito, mas sempre existiu. Nós, negros, sempre convivemos com isso. A injustiça social sempre existiu”, afirma. “Quando a cultura consegue empoderar seus atores e garantir uma ação social, é uma interferência muito positiva. Eu acredito muito no empoderamento.”
Em 2014, ela participou de um projeto de formação e qualificação para mulheres presidiárias. Levou a 12 penitenciárias do estado de São Paulo o conhecimento que adquiriu nesses anos de trabalho com economia solidária. “Minha grande satisfação foi saber que posso ter esperança nessas mulheres, ainda que estejam presas e com penas grandes”, comenta. “Elas me perguntavam: ‘Mas eu posso ser uma empreendedora?’ Hoje, me comunico com algumas que já saíram. Elas dizem: ‘Olha, vou montar um petshop, a senhora não poderia me ajudar?”
Isabel sabe que é assim, com ações “pequenininhas”, que a economia solidária demonstra seu grande papel. “Ela ainda não dá conta, tem gargalos. Mas é transformadora. A economia solidária nos oferece um novo caminho.”
Da associação de artesãos de Hortolândia, Isabel passou a integrante da comissão de economia solidária do município, depois da região de Campinas, depois do estado de São Paulo. Em 2005, ingressou no Fórum Paulista de Economia Solidária, onde faz parte da coordenação executiva até hoje. Dali seguiu para o Fórum Nacional, sendo por duas vezes membro do Conselho Nacional de Economia Solidária. Saiu do conselho porque a última eleição coincidiu com uma tragédia pessoal — em 2014, ela teve um filho morto (em circunstâncias ainda sob investigação). Ainda assim, faz parte da rede nacional de formadores de economia solidária e tem um trabalho ativo na área.
“É preciso qualificar, pensar em desenvolvimento de produtos, pensar no acesso ao mercado, porque o que aí está é o mercado selvagem, capitalista. Nós produzimos de outra forma e precisamos criar esse mercado”, destaca Isabel. Ela também critica a falta de sensibilidade, por parte do Estado, para a realidade do artesão, o que muitas vezes inviabiliza a formação de profissionais qualificados.
Assim, foram criadas duas unidades de negócios. Uma delas, coordenada por Mãe Eleonora (Eleonora Aparecida Alves, presidente do Ponto de Cultura Caminhos), é o grupo de alimentação, que trabalha com comida baiana e tem o acarajé como carro-chefe. A outra é a Criolê, coordenada por Mãe Isabel. “A grife foi criada por mim, mas com base no trabalho coletivo instrumentalizado pelas formações, pelos conceitos da economia solidária”, ressalta.
A Griffe Criolê desenvolve um trabalho que dialoga com a arte têxtil fazendo uma integração entre o contemporâneo e o tradicional. A união entre a Moda, Artesanato e a Gastronomia resulta em 03 núcleos criativos de eixos diferentes capitaneados pela mestra Ekede Isabel é estilista, artesã que trabalha incansavelmente na capacitação de bordadeiras tendo a Moda e o Artesanato sua expressão maior de difusão , produção e estética, Doné Eleonora Irmã e mestra em gastronomia com especialidade na cozinha afro mostrando que a alimentação no candomblé alimenta corpo e alma coordenadora da ABAM(Associação da Baianas do Acarajé e Mingau), que tem a arte e o talento da produção da comida regional e do terreiro. Essa arte na integração empresta através de seus sabores, cores e especiarias inspirações para as criações da mestra Ekede Isabel designer responsável por traduzir a junção dessas artes em coleções de moda.
E a sua outra Irmã Doné Eliana com expertise na costura que é uma arte de transformar tecidos em arte e aparecendo como um dos principais elos desse núcleo de integração aqui apresentado neste projeto.
A linguagem principal será a educação popular método Paulo Freire e que emoldura a Economia Solidária/Criativa e a oralidade linguagem universal das Comunidades Tradicionais de Terreiro.
Isabel sempre teve afeição pelo trabalho alternativo. “Os moldes do trabalho capitalista nunca me fascinaram”, afirma a artesã, técnica em estilismo e modelagem, que em 2003 descobriu a economia solidária e com ela realizou o sonho de fazer moda de maneira criativa, expressiva, valorizando a cultura de matriz africana.
Fascinada pela estratégia de desenvolvimento e geração de renda, ela levou a proposta para o terreiro onde seu grupo já vinha trabalhando questões como autoestima e resgate da cultura do negro. “Até então eu tinha minha produção individual”, diz. “Na ONG a gente lidava muito com adolescentes, e atrás deles vinham as mães, as famílias, e a necessidade de fazer uma assistência. E a gente entendeu que fomentar o trabalho da geração de renda era uma assistência mais pragmática.”
A Griffe Criolê, moda afro-brasileira e solidária além da produção de roupas e acessórios oferece cursos de corte e costura e modelagem.
Os cursos acontecem no Centro de Qualificação Profissional Criolê, inaugurado em novembro de 2016, localizado em Hortolândia, na região de Campinas (SP).
Isabel Cristina Alves, a Mãe Isabel, comemora a conquista do Centro, inaugurado com apoio da Unisol Brasil por meio do Programa de Investimento Solidário, como uma evolução do trabalho que vem sendo desenvolvido há mais de uma década. A grife, criada por ela, é baseada no trabalho coletivo e nos conceitos da economia solidária.
Essa é uma Homenagem a ...... Que nos Deixou esse Legado Importante ....
"Eu venho de família tradicional do Samba de Bumbo Campineiro, onde o meu avó Estevam Ernesto (Nestão) era o chefe de batalhão, que passou para o meu Tio Nestor Estevão e para a minha mãe Ernestina Estevam. Todo o meu aprendizado em relação ao Samba de Bumbo, se deu inicialmente através da oralidade e também nas festas que ocorridas tanto na cidade de Campinas, como em Pirapora de Bom Jesus, ambas cidades do estado de São Paulo, onde aprendi a prática de tocar todos os instrumentos de percussão, cantoria e dança dessa manifestação. Em 1988 eu comecei a desenvolver o Samba de Bumbo dentro de um grupo de cultura popular, criado por Raquel Trindade, cujo o nome é Urucungos, Puítas e Quijengues na cidade de Campinas, com o objetivo de preservar e difundir essa manifestação, ensinando todos os integrantes desse grupo, o desenvolvimento do Samba de Bumbo, entre cantorias, danças e o batuques. Resgatei dois Bumbos, junto a comunidade pertecentes aos antigos Mestres, Sambaqueiros e Sambadeiras, que apesar de o grupo ter outras danças, ele se tornou mais conhecido por causa do Samba de Bumbo, por ser uma manifestação típica de Campinas e regiões. A posterior como forma de salvaguardar a manifestação, minha Companheira Rosa Liria que já tinham conhecimento dessa manifestação desenvolve o projeto documentário “As Matriarcas do Samba de Bumbo”.
Alceu José Estevam
Ator, músico percussionista, produtor cultural, mestre da cultura popular, Bumbeiro herdeiro da tradição e manifestação do Samba de Bumbo Campineiro. Filho de Esnertina Estevam, nasce no dia 20/06/1959. Falece durante o processo de solicitação do Registro de Patrimônio Imaterial do Samba de Bumbo Campineiro, em 18 de Junho de 2018.
Evanir Rodrigues, Mãe Iberecy mãezinha, campineira, Yalorixá, cantora e compositora que edificou e deixou um importantíssimo legado à religiosidade e cultura de matriz africana por mais de 60 anos. É Matriarca do Ibaô. Nasceu no início da década de 50 e faleceu em Setembro de 2021.
Juracy Monteiro dos Santos, mais conhecido como Jura do Pote.
Veio do Quilombo do Parateca no município de Malhada BA , artista que trazia nas suas raízes todo seu trabalho e história numa trouxa na cabeça.
Aprendiz de dança popular na Escola Augusto Boal, atuou por muitos anos no Conselho de Política Culturais da Igualdade Racial - *Hortolândia SP*
Artista popular, Mestre Griot , Jardineiro, Paisagista, Ator, foi uma das figuras mais importante *das cidades* de Hortolândia e Campinas.
Jura do Pote nos deixou nesse ano de 2023.
*1966 - 2023*
Henry Eugenio nasceu em 17 de fevereiro
de 1982, na cidade de Piracicaba. Filho de
Fátima Eugenio e José Benedito Paulino,
tomou como nome artístico Henry Paulino
Henry Paulinho era presidente da CUFA
Central Unica das Favelas de Campinas.
Criada em Agosto de 2019 a Cufa
Campinas nasceu com propósito de
expandir e criar ações que integram,
qualifiquem e dêem visibilidade para as
comunidades para para as comunidades
carentes de Campinas e região. A
organização também tem como objetivo
dar voz e promover união entre os jovens
de várias favelas, principalmente negros,
que buscam espaços para expressar. Um
dos Projetos foi Sacode Pagode, o maior
Festival de Samba e Pagode do Interior de
SP; Campinas Hip Hop Festival, também
teve grande destaque;com apoios
realização junto a Prefeitura Municipal de
Campinas, virou referência no interior
paulista e tem o intuito de fortalecer a
cultura hip-hop, reunindo grandes nomes
de rap nacional. Outro projeto de sucesso
da Cufa é a Taça das Favelas, um
campeonato de futebol que reúne jovens
atletas das comunidades de Campinas, e
cuja realização na cidade era um sonho
de Paulino. A primeira edição ocorreu
entre os meses de novembro e dezembro
de 2018, em parceria com a Prefeitura de
Campinas, por meio da Secretaria
Municipal de Esportes e Lazer e apoio da
EPTV Campinas. Paulino era um ativista
de causas sociais e concorreu a vereador
de Campinas em 2012 e 2076 pelo
partido do PCdoB. Durante o periodo da
quarentena coordenou as ações sociais
da Cufa que arrecadou milhares de cestas
básicas para a população mais vulnerável
de Campinas.
Falecido em 2020 na cidade de
Campinas.
Maria Iris de Jesus
1943 - 2005
A vida de Maria Iris de Jesus é uma história fascinante que se entrelaça com a
bibliografia de nossa comunidade. Nascida em 1943, na cidade de Araçuaí, estado
de Minas Gerais, ela foi filha de Ana Pega de Jesus e Erminio Pereira dos Santos.
Em 1960, casou-se com Francisco Frutuoso de Souza e, posteriormente, veio para
Campinas juntamente com o grande fluxo humano que fez a cidade crescer e se
favelizar consideravelmente.
Na história de Campinas, o problema das favelas sempre foi grave. As pessoas que
viviam nas favelas eram excluídas socialmente, invisíveis para a sociedade. Eram
consideradas não-cidadãs, sem direitos, porque não tinham um lugar físico
reconhecido. Muitos desses moradores eram migrantes em busca de oportunidades
na cidade, dentre tantas pessoas estava Iris.
Porém, os favelados de Campinas conseguiram se organizar politicamente e ganhar
força com o movimento de favelados da Assembleia do Povo. Essa assembleia foi
formada entre os anos 1978 e 1982, com o apoio de igrejas progressistas,
sindicatos e intelectuais. Além disso, as associações de bairro e as sociedades de
amigos de bairro também se organizaram para lutar por direitos, especialmente nas
áreas de saúde, educação, habitação e transporte.
Muitos grupos reconhecem nesse movimento um certo mito de origem nas ações
coletivas e movimentos sociais da cidade. No entanto, percebe-se que a cidade de
Campinas não tem uma história de lutas populares coesas e contínuas, devido às
características políticas locais, que é marcado pelo apagamento da memória, por
um conservadorismo elevado e pela influência dos setores econômicos,
especialmente ligados ao mercado imobiliário.Dona Iris, como era conhecida, era
uma mulher negra forte e resiliente, que desempenha múltiplos papéis ao longo desua vida. Além de ser mãe de cinco filhos, ela trabalhava como empregada
doméstica. Durante anos, foi responsável pela limpeza da "Casa Grande" da Fazenda
Sete Quedas e Fundação Bradesco, assim como de outras estruturas pertencentes
aos Amador Aguiar.
No seu tempo livre, Dona Iris administrava um bar que se tornou um ponto de
encontro da comunidade local, para o pagode, a capoeira, o forró e da ação
militante. O BAR DA DONA ÍRIS era conhecido não apenas pela sua comida
deliciosa, mas também pelo acolhimento que oferecia. Além de alimentar o corpo,
aquele lugar alimentava a luta e a resistência das mulheres pretas e pobres da
comunidade, que formavam o Jardim das Bandeiras 2.
Maria Iris de Jesus era uma líder comunitária e fazia parte de uma constelação de
personagens cujas histórias não são contadas pela história oficial de Campinas,
como Dona Marlene Correa e tantas outras, sua personalidade acolhedora, resiliente
e sua luta coletiva eram uma fonte de inspiração para todos ao seu redor.
Ela personificava a potência de criatividade, inventividade e superação das
adversidades em seu território, assim como Marielle Franco descreveu. Os valores
que Dona Iris representava eram compartilhados por muitas mulheres de nosso
território, e sua generosidade e solidariedade eram admiradas por todos.
A antiga "Barraquinha da Dona Iris" foi cedida por seus filhos ao nosso projeto. Hoje,
é um local cheio de energia positiva, um verdadeiro terreiro de axé, onde nos
reunimos há décadas em busca de amizade e do cultivo dos saberes ancestrais,
alimentando tanto o corpo quanto o espírito.
Ao rememorarmos o legado cultural dos movimentos dos favelados das décadas de
70 e 80, que contribuíram significativamente para a formação das favelas,
comunidades e periferias de Campinas, reconhecemos que nossos passos vêm de
longe. Talvez, ao seguir esses passos, possamos alcançar a chegada de nossamatriarca, Iris de Jesus, e seu terreiro, mantendo viva a chama desse caldo cultural e
perpetuando a história de luta e resistência que ela simboliza.
Associação Quilombo Urbano Iris de Jesus.
A Associação Quilombo Urbano Iris de Jesus é uma organização comunitária que
tem as suas ações e atividades fundamentadas na defesa dos direitos humanos,
como direito coletivo à dignidade humana, a vida e o bem-viver.
Atuamos na promoção e apoio à nossa Quebrada, buscando amenizar os impactos
dessa enorme crise social e agravada pela emergência sanitária que atravessamos,
denunciando as diversas situações de violação dos direitos das famílias mais
pobres, em especial das crianças, das mulheres e da juventude periférica, afetadas
seja por um conjunto de violências estruturais, como a misoginia e o racismo, quer
seja pelas violência agravadas pela atual conjuntura como a violência doméstica, a
fome, o desemprego e a pobreza. Nossas ações são orientadas na luta pela
emancipação da população negra, das mulheres e da população LGBTQIA+.
Nos somamos à defesa , proteção e cuidado de crianças, adolescentes e jovens;
sempre buscando sua formação, capacitação e estímulo ao direito à participação -
como sujeitos de seus próprios direitos -, inclusive nos debates, decisões e na
organização das atividades do Quilombo, respeitando sua condição peculiar como
pessoas em desenvolvimento.
Estamos atentos à defesa, preservação e promoção das práticas e conhecimentos
ancestrais que busquem o bem estar coletivo, a saúde e a cultura comunitária como
parte inseparável ao ambiente.
Temos como fundamento para nossa existência a preservação da cultura popular,
dos mestres e mestras, dos mais velhos, da oralidade, ancestralidade, circularidade
e memória.
Reivindicamos o direito à cidade como um direito humano essencial que engloba um
conjunto de direitos constitucionalmente estabelecidos como a moradia, transporte,
saúde, educação, habitação e segurança pública.Este coletivo, com esse nome e identidade - Quilombo Urbano Iris de Jesus - surgiu
em 2014 através do encontro de jovens artistas, ativistas e estudantes, que já
produziam e construíram formas de cultura e resistência nas periferias, nas escolas
e nas universidades. Esta coletividade passou a organizar saraus itinerantes,
cineclubes e diversos eventos culturais que aliavam o diálogo sobre temas como
direitos humanos, opressões, resistência afro brasileira e ancestralidade, com o
intuito de chamar a comunidade a debater sobre si, tendo a cultura como principal
ferramenta para essa construção. Dentre as atividades realizadas, destacamos o
Festival Zumbi é da Periferia, Saraus Levanta Povo "Uma Rodovia Ligando Ideias",
Festivais da Música Negra, Saraus Pele Preta, SarauJoada, Pipaço contra a
Redução da Maioridade penal.
Mas a história do espaço começa muito antes, sendo nossa sede atual no antigo bar
de uma Mulher Negra, Mãe, Avó e Líder Comunitária que faz parte dessa
constelação de personagens das histórias que a história Campineira não conta:
Maria Iris de Jesus.
Dona Iris é por nós homenageada por seu comportamento acolhedor, resiliente, sua
personalidade forte e a luta coletiva que ela simboliza, que é como dito por Marielle
Franco, “...potência de criatividade, inventividade e superações das suas condições,
nas formas de vida e nas organizações sociais em seus territórios e alcançam, em
seus múltiplos fazeres, centralidade na cidade”, valores tão comuns a muitas
mulheres de nosso território, e sobretudo pelo seu altruísmo e solidariedade. A
antiga “Barraquinha da Dona Iris”, foi cedida por seus filhos ao nosso projeto - um
“bom lugar” como dizia o Maestro do Canão -, um terreiro de muito axé, que há
décadas reúne forrozeiros, capoeiristas e sambistas na busca de cultivar a amizade,
alimentar o corpo e o espírito na forma de saberes ancestrais.
Nossos passos vêm de longe e talvez alcance a chegada de nossa matriarca Iris de
Jesus e seu terreiro, rememorando o caldo cultural do movimento dos favelados das
décadas de 70 e 80, que formaram boa parte das favelas, quebradas e periferias de
Campinas.
Nos dias de hoje, nosso Quilombo é composto por uma diversidade de corpos,
desde crianças bem pequenas às mais velhas e velhos, e tem a Coordenação
Executiva da Associação composta somente por mulheres.Nosso espaço sedia um Núcleo da Escola de Capoeira Angola Resistência, um
Projeto de iniciação em Batucada, abrangendo ritmos musicais como Samba, Coco,
e Afoxé, uma Biblioteca Comunitária, Cineclube e outras ações como o Projeto de
Extensão Universitária denominado “Comunidade & Universidade Direito à cidade
como condição de cidadania” concretizado pela parceria do Quilombo junta às
comunidades “Menino Chorão” e “Nelson Mandela”, professores e pesquisadores da
Universidade de São Paulo (USP/SP e USP/São Carlos), da Unicamp (Instituto de
Filosofia e Ciências Humanas, (IFCH), Núcleo de Estudos de População “Elza
Berquó” (NEPO), Faculdade de Engenharia Civil (FEC), Instituto de Geociências
(IG), Instituto de Economia (IE), e Laboratório de Estudos Urbanos (Labeurb).
Dessa experiência temos formulado noções básicas sobre demográfica, discutido o
que é direito à cidade, conhecido o estatuto da cidade e os desafios de sua
implementação, o papel da prefeitura, câmara municipal, do ministério público e dos
movimentos sociais no direito à cidade, o perfil sociodemográfico e o território das
comunidades e economia popular.
De papel passado
Foi somente este ano, 2021, que nós nos tornamos uma Associação formalmente
registrada enquanto pessoa jurídica de direito privado, ou no dito popular “de papel
passado”. Tal oportunidade foi conquistada pelos esforços da nossa juventude, que
nos inscreveram no “Edital Coletivizada” coordenado pela Minha Campinas.
Alice Silva de Oliveira, nascida em 19 de
julho de 1945 em Barra Mansa-RJ,
mudou-se aos 5 anos para cidade de
Campinas-SP.
Teve seu primeiro contato com a
espiritualidade, aos 18 anos, através da
Umbanda, migrando para o Candomblé
em maio de 1980, onde iniciou-se para
Orixá Oxum Opará na Nação Ketu, com
Babalorixá Farias de Ogum.
Deu continuidade a sua vida espiritual na
Nação de Angola com Tatetu de Nkisi
Ubiacylê, recebendo a Digina Danda
Yworo.
Após tomar seus 7 anos, fundou-se a Nzo
Diá Menha Unle Dandalunda Ati
Matamba, no ano de 1987, situada na
cidade de Campinas-SP
Após o falecimento de seu Zelador, deu
continuidade dentro da mesma Nação de
Angola, tomou seus 21 anos com a
Mametu Kaia Undê transferindo sua sede
matriz para Cidade de Hortolândia-SP
local onde se encontra atualmente.
Após seu falecimento, ocorrido em 9 de
fevereiro de 2023, seus filhos, netos e
bisnetos darão continuidade a seu legado,
levando à frente conhecimento,
sabedoria, hierarquia e ramificação de
Matriz Africana da Nação Angola, como o
Afoxé, por exemplo.
O Afoxé é festa religiosa originária da
África Ocidental que tem como espaço
principal de manifestação a rua, lugar
onde, sob o formato de cortejo embalado
pelo ritmo do lIjexá, seus participantes
cantam, dançam e tocam instrumentos.
Em sua fundação, no início dos anos
1980, Danda Yworo se torna a Madrinha
do Afoxé. Desde então, sempre presente
nas saídas para o desfile do bloco afro de
Afoxé Ylê Ogum, Danda Yworo e seus
filhos de santo deixam sua marca no
cortejo, saudando e abrindo caminho para
o bloco passar. Em 1987, Fausto Antônio,
que era presidente e compositor do
Afoxé, compôs a seguinte canção em
homenagem à madrinha do bloco:
MUSICA - Danda Yworo
LETRA - Fausto Antônio
Iyá Danda Yworo é negra
E sabe do odu do Afoxé
Iyá Mi é negra
E sabe do jogo de Ifá
Iyá Danda Yworo
lylaxé
Iyá- Kekerê
Ebômi e Alabês
Iyá Mi é negra
E Fala do Ori e do Olori
Do Afoxé
Iyá Danda Yworo
Iylaxé
Iyá-Kekerê
Ebômi e Alabês
Geraldo Alberto Nascimento, o popular
Gera, sambista de primeira linha, nascido
em Campinas encantava à todos com seu
Reco reco instrumento que o
acompanhou até os seus últimos dias,
Gera integrou grupos de samba
renomados da cidade que se
apresentavam levando o genuíno samba,
além de ser instrumentista dos bons, Gera
era cantor, compositor e ritmista de
escolas de samba, Gera construiu no São
Bernardo, bairro famoso por revelar
grandes bambas do samba e ser reduto
de grandes escolas de samba,
Acadêmicos de Madureira e Princesa
D'Oeste, um ponto de encontro pra quem
aprecia um bom samba, cerveja gelada e
um bom bate papo, o GERAS BAR, mas
com o desaparecimento das escolas de
samba do bairro, os sambistas ficaram
órfãos da cultura popular, mas Gera,
como um bom líder que era, logo fundou
uma escola unindo as duas que existiram
e batizou a agremiação de PRINCESA DE
MADUREIRA, rapidamente a escola
alcançou o pódio do carnaval de
Campinas com 2 títulos no grupo especial
(2004 e 2006), mas infelizmente para a
tristeza de todos alguns meses depois do
campeonato de 2006 Gera nos deixou, e
deixou um vazio muito grande no nosso
samba.
Eliezer, operário, metalúrgico, dirigente do Sindicato dos Metalúrgicos de Campinas e região, e direção da Intersindical-Instrumento: ele é imprescindível e sua vida vai seguir presente e
m nossa luta por um mundo socialista!
Eliezer Mariano da Cunha é daqueles seres humanos que transbordam vida, amor, solidariedade, firmeza e compromisso com a luta da classe trabalhara. É um imprescindível para aqueles que acreditam, lutam e dessa forma contribuem de maneira decisiva para construção de uma outra e nova sociedade, onde não haja exploração, nem opressão.
Eliezer começou a trabalhar na roça e foi pelos ensinamentos do seu pai, seu Jurandir que iniciou seu processo de consciência, luta e solidariedade. Na juventude chegou em Campinas/SP e desde então foi um operário metalúrgico; participou ativamente da Pastoral Operária e da Oposição Metalúrgica; junto com sua classe, derrotou os pelegos que estavam no Sindicato dos Metalúrgicos a serviço da burguesia e de seu governo militar.
Eliezer foi parte da construção do Partido dos Trabalhadores e da Central Única dos Trabalhadores e com a mesma determinação e firmeza que ajudou a construir esses instrumentos, rompeu com eles quando esses se transformaram em seu contrário e junto conosco se manteve firme na construção de nossa Organização Política a Alternativa Sindical Socialista (ASS) e na consolidação de nossa Organização sindical, a Intersindical- Instrumento de Luta e Organização da Classe Trabalhadora.
Eliezer é único, uma energia inabalável, nas madrugadas das portas de fábricas, nos piquetes e greves e na organização da classe trabalhadora. Correu de ponta a ponta esse país, contribuiu na retomada pelas mãos dos trabalhadores de sindicatos que se transformaram em instrumentos de luta.
Eliezer nos ensinou que a disciplina, a firmeza e o compromisso com a luta por uma outra e nova sociedade não se faz com discursos ou com uma teoria dissociada da prática cotidiana junto a nossa classe. Ele nos ensinou o salto daqueles que colocam a teoria em movimento e junto à classe vão dando os passos para a maior de todas as nossas lutas.
A vida desse camarada gigante em solidariedade, afeto e firmeza foi marcada pelo compromisso junto a sua classe, a intensidade dessa vida dedicada a luta não se vai.
No dia 8 de maio de 2020, uma dor intensa provocou um infarto fulminante no nosso irmão, irmão porque na luta da classe trabalhadora encontramos mais irmãos que sonham os mesmos sonhos e firmemente lutam para os tornar realidade.
O coração dele parou de bater no corpo, mas o coração e a vida desse camarada que nos ensinou a sermos firmes no enfrentamento contra o capital e seu Estado não morrem.
Estarão em cada um de nós na luta por uma sociedade sem exploração e opressão, uma sociedade socialista, foi a isso que ele dedicou sua vida é isso que ele mais do que espera, tem a certeza de que vamos seguir!
Eliezer, Presente!
Regina Célia Morais Bueno
Filha de Madalena e Lourival
Filhos: Francislaine (1974) e Everton
(1978)
Netos: Lívia, Kaina e Lucas
15/03/48 + 29/04/21
De 1954 a 1963 primeira negra a
estudar colégio dom barreto cursando em
1962 datilografia e 1987 telefonista e
recepcionista
1968 miss simpatia da cidade de
Campinas a qual foi a última edição
permanecendo então com o titulo
27/12/72 casou-se com Vanderlei
Bueno
1988 participou do grupo de danças
populares da UNICAMP dirigido pô Raquel
Trindade.
2001 formação da equipe Wander's
Som com o esposo.
2004 indicada como DJ Foi
entrevistada pelo jornal local correio
popular na matéria DJ MULHERES
CONTRA O PRECONCEITO
Nas décadas de 90 e 2000 trabalhos na
EEPSG Miguel Vicente cury.
2014 Reconhecimento pelos serviços a
cultura na cidade de Campinas 1a. Mulher
DJ negra do interior e região pelo
departamento de cultura de Campinas.
*16/12/1940
+24/05/2022
AFETO e CORAGEM na LUTA por JUSTIÇA
SOCIAL
Referência para mulheres Negras e
Populares de todo Brasil, Regina Semião
foi uma liderança que deixou o legado de
luta pelos direitos das mulheres, em
particular Trabalhadoras Domésticas,
Mulheres Negras e Moradoras da
Periferia.
Contribuiu na formação do Sindicato das
Trabalhadoras Domésticas de Campinas,
no Conselho Nacional das Trabalhadoras
Domésticas, na fundação da Federação
Nacional das Trabalhadoras
Domésticas-FENATRAD e para a
organização das Promotoras Legais
Populares de Campinas fazendo parte da
primeira diretoria da Associação de PLPs
Cida da Terra de Campinas e Região.
Moradora do DIC, participou da CASA DE
CULTURA ANDORINHAS e foi idealizadora
do Grupo de mulheres FLORES DO DIC.
Representou as mulheres brasileiras/
paulistas/campineiras em diversas
instancias, encontros e conferências
nacionais e internacionais dentre elas, foi
conselheira do SEPPIR(DF/2005) e fez
parte da delegação brasileira na 189º
Conferência da OIT para o Trabalho
Doméstico (Suiça/2011) onde adotou-se
as diretrizes para os países e governos
com relação ao trabalho digno para a
categoria das/os Trabalhadoras/es
Domésticas/os no mundo.
Enfim, como ela mesma dizia: " Minha
primeira infância foi muito feliz, morava
na roça com minha família. Ai minha mãe
morreu e meu pai permitiu que eu viesse
pra Campinas pensando que aqui eu
poderia estudar e ter um futuro melhor.
Meu pai foi enganado por minha
madrinha,s chegando aqui ela me colocou
para trabalhar como doméstica em sua
casa, ela me oprimiua e violentava minha
infância. Quando cresci e entendi que o
que ela fez comigo era racismo e trabalho
escravo, transformei minha dor e meu
sofrimento em LUTA POR DIREITOS E
DIGNIDADE e na vida adulta percebi que
muitas mulheres também sofriam várias
violências então decidi lutar até o final de
minha existência pelos DIREITOS DAS
MULHERES.
SALVE REGINA SEMIÃO, NOSSA
MATRIARCA, MESTRA E AGORA
ANCESTRAL!
Geralda Santos Silva nasceu em Uberaba (MG), em 1917. Foi mãe de cinco filhos, avó de vinte netos, bisavó de vinte e três bisnetos e cinco tataranetos. Conhecida como Vó Geralda, se mudou para Campinas em 1936, na primeira vila habitacional da cidade — na época chamada de Congo —, atualmente São Bernardo, onde morou até falecer, em 2018. É descrita por aqueles que junto dela conviveram como uma pessoa alegre e sempre positiva. Umbandista, era filha de Ogum com Iemanjá, tinha muita fé. Ficou conhecida como cozinheira de mão cheia, e também por sua paixão pela música, que deu origem ao nome do filho — inspirado no Maestro Carlos Gomes.
Vó Geralda foi a principal incentivadora da criação da Casa de Cultura Tainã, reconhecida por alguns segmentos como um Quilombo Urbano, responsável por possibilitar acesso à informação de qualidade à comunidade, fortalecer práticas de cidadania e a formar a identidade cultural de centenas de pessoas. A casa é coordenada por Antonio Carlos Silva, também conhecido como TC, filho de Geralda. Por reconhecimento à contribuição que ela tem para a história de Campinas, Geralda foi homenageada no dia 13 de maio de 2017 pela Câmara Municipal da cidade com o título de Cidadã Campineira. Vó Geralda morreu aos 101 anos, um ano depois de comemorar o centenário em uma grande festa realizada na Casa de Cultura Tainã, com a presença de todos aqueles que a amavam e admiravam.
ESTRELA D’ALVA
Estrela D’alva é uma escola de Campinas. Sediada na Vila Costa e Silva desde 1975, a Estrela D’alva foi fundada no bairro Taquaral em 30 de Junho de 1950, pelos amigos Liberato de Moraes, conhecido como ‘’BEIÇOLA’’, Marcilio e Pedro Ipê, outros registros apontam que foi fundada em 1949 no bairro do furazóio, hoje vila tofanello, por Rodrigo Alves.
Sob as cores azul e branco simbolizada pela Estrela, a escola foi presidida pelo seu fundador até 1978, período em que recebeu vários títulos do carnaval campineiro.
Uma das escolas de samba mais antiga da cidade, 70 anos de sua fundação. Entre seus longos anos a escola foi também presidida por Olívio Rodrigues Alves “Lívio”, logo após o falecimento do seu fundador e presidente o eterno Beiçola.
Em seguida nos anos 80 até o começo dos anos 90 Sebastião Jesus da Veiga o eterno e saudoso “Veiga”, defendeu com todo seu comprometimento, amor, carinho, muita determinação e garra.
Colocando e engrandecendo ainda mais o nome da nossa Escola de Samba entre outras potencias do nosso carnaval campineiro, até o último minuto de sua vida.
E quando a partir de 1991 após o falecimento do nosso eterno Veiga, uma jovem mulher guerreira e muito determinada assumia a escola de samba, com o nosso carnaval já em andamento honrou e provou ser capaz de ser uma grande Presidente.
Assim falamos de Claudelina Aparecida de Moraes a “Ina”, desde então quando assumiu a presidência e emplacou a grande e a maior sequencia de títulos, sendo eles os anos de 1991 a 1997, lembrando que em 1991 a escola de samba conquistava o grupo de acesso, assim subiu e conquistando 6 títulos no grupo especial, um dos maiores marco de nossa querida Escola de Samba, quando falamos de Estrela D’alva Assim falamos de uma paixão inexplicável.
Lembrando que a nossa querida INA se dedicou 24 anos de sua vida a presidência da nossa amada Escola de Samba.
HISTORIAS DAS MUSICAS
SAMBA ENREDO BEIÇOLA – CARNAVAL 1979
COMPISOTORES (NENÃO DO PANDEIRO E LUIZÃO CABEÇA DE ROLINHA).
Samba em homenagem ao seu antigo Presidente, LIBERATO DE MORAES “BEIÇOLA”.
Que no ano de 1978 veio a falecer, que deixou um grande marco dentro do carnaval campineiro. No ano de 1979 sua escola em sua homenagem atingiu a marca em 800 componentes sendo que 250 eram ritmistas, no mesmo ano foi consagrada com seu segundo titulo do carnaval de campinas.
SAMBA ENREDO – SONHO DE UM BRASILEIRO – CARNAVAL DE 1988
COMOSITORES (MURILÃO E DORINHO MARQUES).
Um samba de grande marco, que na época exaltava a busca das conquistas do nosso povo brasileiro. Onde a nossa seleção corria em busca do seu 4º titulo mundial, neste mesmo ano tentávamos um titulo em busca do tão sonhado titulo olímpico da nossa Seleção de futebol. Um fato inusitado nesse mesmo ano que exaltava VERA PRETINHA, uma modelo negra candidata a miss universo, que em nossa comunidade também existia uma mulata linda que tirava muito suspiro da rapaziada e que tinha muito samba no pé.
SAMBAS DA ÉPOCA DE GLORIAS
SAMBA – ENREDO: ODUM OBÁ (FESTA PARA UM REI NEGRO) ‘’1992’’
COMPOSITORA: PEPA
SAMBA – ENREDO: JOAOZINHO TRINTA (APOTEOSE DA IMAGINAÇÃO) ‘’1993’’
COMPOSITORA: PEPA
SAMBA – ENREDO: BRIGADEIRO, PIC-PIC GUARANÁ “1994”.
COMPOSITIRES: PEPA E NENE DO CAVACO
SAMBA – ENREDO: GERENTE DO LAR ‘’1995’’
COMPOSITORA: PEPA
EPOCAS QUE MARCOU GRANDES TRAJETORIAS DE TITULOS SENDO AO TODO Sete TITULOS CONSECUTIVOS, LEMBRANDO QUE SEU PRIMEIRO TÍTULO VEIO DE SUA RETOMA DO GRUPO DE ACESSO PARA O GRUPO ESPECIAL, SE TORNANDO UMA ESCOLA DE GRANDE POTENCIA E RENOME DO CARNAVAL CAMPINEIRO, A ESCOLA DE SAMBA MAIS VITORIOSA DE CAMPINAS.
SAMBAS DOS NOVOS TEMPOS
SAMBA – ENREDO: ARTE CORTAGEM E FÉ (PROFISSÃO PIÃO) ‘’ 2002 ‘’
COMPOSITORA: PEPA
SAMBA – ENREDO: ‘’COM A BOCA NO MUNDO... QUEM NÃO SE COMUNICA SE TRUMBRICA... ’’ (2012)
COMPOSITORES: JOTTA E MUMU
SAMBA – ENREDO: O MELHOR E MAIOR SENTIMENTO EXISTENTE EM NOSSO PLANETA (O AMOR)! “2014”
COMPOSITOR: DANIEL ROMANETTO
SAMBA – ENREDO: UMA VIAGEM AO CONTO DE FADAS “2015”
COMPOSITORES: NIVA DO PARTIDO ALTO E LEANDRO MARÇAL
SAMBAS DE GRANDES EXALTAÇÕES QUE MARCARAM OS SEUS ANOS COM SUAS LINDAS MELODIAS.
Negrete, como ele era conhecido. Um
homem preto que era
Samba, cultura, pagode, corinthiano roxo,
mestre de escola de samba.
Nascido na cidade São Sebastião da Boa
Vista em 12 de setembro de 1960, filho de
Liberata Aquino e Francisco Aquino.
Negrete foi Mestre de Bateria da Escola
de Samba Batutas do Samba, Escola
Marques de Sapucaí e Escola de Samba
Leões da Vila Padre Anchieta.
Negrete era querido por todos, pois
espanjava musicalidade, a casa de seus
pais era um ponto de encontro do Samba
e Carnaval na rua São Bartolomeu, 194
Vila Padre Anchieta.
Infelizmente em 28 maio de 2008, negrete
foi vitima de um Câncer esôfago. O
SAMBA CHOROU, SUA FAMILIA E AMIGOS
TAMBÉM.
Walmir de Aquino é o seu nome! Ele Vive!
Negrete Presente.
O Grande Mestre do Samba de Bumbo Campineiro era popularmente conhecido como Mestre Nestão e é em sua homenagem que batizamos a comunidade e o Centro de Memória e Referencia junto com o sobrenome do legado dado por ele.Nascido em 03/08/1893, filho de Brás Costa e Sabina Chaves de Oliveira, negros escravizados pertencentes a uma fazenda de Valinhos, nasceu 5 anos após a abolição da escravidão no Brasil. Em Campinas na adolescência trabalhar na Estrada de Ferro Estação Mogiana, Chofer de pessoas ilustre e influentes na cidade e o primeiro motorista de taxi. Em virtude de Estevam Ernesto, o Samba de Bumbo tem grande expressividade em Campinas, como Mestre Bumbeiro ou chefe do Batalhão se tornando uma importante figura na história da cidade de Campinas e Região, que utilizava das suas diversas posições adquiridas ao longo da vida para se movimentar e incentivar os diferentes grupos culturais populares, sociais e políticos da cidade. Considerado um Mestre militante que lutou pela preservação da manifestação tradicional familiar, realizava encontros em reuniões como batizado, casamento, aniversário e festas tradicionais religiosas, em especial em Bom Jesus de Pirapora seu Santo Padroeiro e disseminando a manifestação em várias cidades do interior paulista, uma festa que deixava todos ansiosos pela chegada do Samba.
Após passar por uma cirurgia no estômago, faz uma promessa a Bom Jesus de Pirapora, seu Santo devoto. Sua missão durante 7 anos ou até Deus permitir, era fazer a manifestação como de costume, mas somente com o "Bumbo Salomão" e depois cumprida entregá-lo a Bom Jesus de Pirapora. Falece cumprindo apenas um ano da promessa, deixando seu legado e a manifestação aos seus herdeiros, os futuros detentores.
Moisés Donizete Ribeiro, muito conhecido nos meios artístico de Sumaré como Moisés Allon. Nascido na Capital, bairro da Penha.
Foi professor, ator e diretor.
Começou a fazer teatro ainda jovem, com apenas 16 anos, e foi neste meio que descobriu sua verdadeira vocação.
Mudou-se para Sumaré em 1985, onde passou a participar assiduamente do movimento cultural da cidade. Foi professor na escola municipal José de Anchieta e em outras escolas da rede estadual.
Em 1998, fundou a CIA TEATRAL MAKTUB, composta por integrantes de uma oficina que ministou em 1997. Dirigiu o espetáculo “Luar em qualquer cidade”, baseado na vida e obra de Carlos Drummond de Andrade, além de diversos outros espetáculos da companhia.
Compos a Diretoria da FEDERAÇÃO CAMPINEIRA DE TEATRO ASSOCIATIVO, FECAMTA de 2005 a 2009.
Filho de Maria de Lourdes e Valdemar.
04/02/1948 + 06/11/2010
Metalúrgico de 1969 a 1997.
De 1967 a 1968 arteira militar no 28
BIB campinas.
1968 Grupo musical os Fanta.
1970 escola de samba Ubirajara.
1972 casou se com Regina.
Década 70 e 80 escolas de samba
estrela dalva e rosa de prata
2001 Formação do grupo Wander's
Som com sua esposa Regina.
Wagner Luiz Alves - Mutalengunzo, 37 anos, homem Preto, nascido na periferia de Campinas, venceu as adversidades, enfrentadas por jovens pretos, conquistando duas graduações universitárias: sistemas de informação e ciências da computação. Foi servidor público do Tribunal Regional do Trabalho, Artista visual, rapper fez parte do grupo Elementos MCs, militante do movimento negro, pai Ogã da casa Inzo Dià Musambu Kaiango MBoti Ofulá, Afro empreendedor fundador da grife de moda afro Djumbo – Fortalece a Autoestima, com sua esposa, marca é a precursora nesse seguimento, recebendo vários prêmios de reconhecimento pelo trabalho de enaltecimento a cultura negra. Conhecido como Jamaica, sempre foi compromissado com a africanidade, suas criações permeavam sobre os temas protestos contra o extermínio da juventude negra ao pertencimento da ancestralidade africana.
Um exímio pesquisador da literatura africana e da diáspora. Sempre comprometido em transmitir seus ensinamentos a todas as pessoas com uma didática afetiva. Wagner nos deixou em um sábado, após ter sido procurado por um coletivo de ativistas negros para ajudar na constituição de uma ONG que pretendia trabalhar com a juventude negra e a comunidade periférica.
Prêmios de Reconhecimento: Diploma Zumbi dos Palmares, Troféu e Medalha Força da Raça, Troféu Arte em Movimento. Além de participar das exposições coletivas Pretitudes no Museu da Imagem e do Som e da Exposição Preta na Estação Cultura ambos em Campinas.
IRENE DE ASSIS MOREIRA DA SILVA
Dona Irene da Vila Bela nasceu em Carrancas Minas, em 02 de abril de 1935, foi cantora de rádio com sua irmã no Rio de Janeiro, faxineira até a aposentadoria, mãe de 8 filhos biológicos e 2 adotivos; diretora social da GRES Rosas de Prata, de Campinas, cidade que adotou como sua.
Líder no bairro e atuante na política, ao longo dos seus 86 anos abriu suas portas para inúmeros políticos como Orestes Quércia, Francisco Amaral, Dr. Hélio de Oliveira Santos; José Aristodemo Pinotti para cargos de liderança como prefeito, deputados e governador, mas os inúmeros vereadores que ela ajudou a eleger: Pedro Tourinho, Antônio Cirillo e muitos outros. Sempre em busca de melhorias para a população da Vila Bela, onde viveu toda a sua vida, ajudando desde o início do bairro por suas melhorias. Forte militante da luta antirracista, sempre atuou nos movimentos negros, buscando a construção de pertencimento e orgulho das pessoas negras.
"Nascida em Campinas/SP, no bairro do Vira Copos, no dia
16 de novembro de 1931, filha de Raul Antonio e Maria
Justina, Manoela Antonio, aos 89 anos de vida, é uma das
mais antigas representantes da cultura afro brasileira da
cidade. Oriunda de uma família de músicos e artistas
populares de grande relevância para a cultura na cidade,
como seu irmão José Antonio (1922 - 2017), maestro e
presidente da Corporação Musical Campineira dos
Homens de Cor, assim como sua irmã, Rosaria Antonio
(Sinhá), uma das fundadoras e atual presidente do Grupo
Urucungos Puitas e Quijengues.
Manô, como é popularmente conhecida, sempre foi
atuante nos movimentos da cultura negra tanto em
Campinas, como em São Paulo, cidade na qual viveu
durante 40 anos. Saiu de Campinas no final dos anos 50
em direção a capital. Filha de Ogun e Yansã, durante
muitos anos foi integrante do terreiro Axé Ilê Oba de Pai
Caio de Xango (1925 — 1984) no bairro do Brás. Ainda em
SP foi integrante durante 18 anos da ala das Baianas do
Grêmio Recreativo, Cultural e Social Escola de Samba Vai
Vai, agremiação carnavalesca fundada a 01 de janeiro de
1930, um ano antes de seu nascimento. Durante 10 anos
também integrou a Sociedade Recreativa Cultural e
Beneficente Unidos do Peruche, Escola de Samba fundada
em 04 de janeiro de 1956. Conheceu Solano Trindade
(1908 - 1974) e família durante o período que estes
estavam chegando a Embu/SP. Com seu retorno à
Campinas passa a integrar o Grupo de Teatro e Danças
Populares Urucungos Puitas e Quijengues, fundado pela
filha de Solano, Raquel Trindade (1936 — 2018) vindo a
compor a ala de percussionistas nas manifestações como
o Coco, Jongo, Samba de Bumbo, Maracatu, Bumba meu
Boi e demais manifestações preservadas por este. Na
estrutura organizativa do grupo ocupou durante muitos
anos o cargo de Diretora de Patrimônio. Atualmente
integra o Conselho vitalício, sendo a mais velha, em idade,
integrante do grupo".
(Trecho da defesa de Manô como Mestra da Cultura
Popular no edital da Lei Aldir Blanc - Categoria Trajetória.
Pesquisa e escrita Léo Lopes)
Saúde e Resistência!!!
Poeta, declamadora, cantora, nasceu em Uberaba, MG em 17 de julho de 1921, filha de José Baptista e Lydia Saraiva Baptista. Passou a infância e adolescência em Bebedouro,SP. Aos 18 anos, mais precisamente no dia 19 de outubro de 1939, chegou a Campinas, terra de seus pais, onde criou raízes e formou sua família, constituída pela filha , Lídia Maria Batista Bomfim, genro Caio Roberto Bomfim, e os netos Vivian Cristine Bomfim Barbosa e Vitor Roberto Bomfim. Trabalhou como cozinheira de forno e fogão em casa de famílias tradicionais e faxineira no extinto Supermercado Eldorado. Autodidata, teve a oportunidade de cursar apenas seis meses do antigo primeiro ano primário e aos onze anos de idade (1932) escreveu seu primeiro poema, “Sonhos que hão de reviver”.
O estudante Jordy Moura Silva 15 anos foi baleado por Guarda Municipal no dia 05/04/20 durante pandemia COVID-19, quando estava na garupa da motocicleta pilotada pelo irmão mais velho ,por volta das 10h do domingo, os guardas municipais chegaram de viatura efetuando disparos para o alto, ação que gerou pânico e correria , antes de entrar no terreno, o grupo de motociclistas pediu autorização a um segurança local que fiscalizava as máquinas das obras na rodovia “Ele deixou que a gente brincasse com as motos ali. A gente foi pra lá porque sabemos que é fechado, sem fluxo de veículos e pessoas, para não ficar empinando [as motos] na rua, pra não correr risco de atropelar e machucar ninguém”. Ainda, segundo testemunhas, GM passou a perseguir a moto em que estavam os irmãos Moura e atirar contra eles. Um dos disparos atingiu fatalmente a nuca de Jordy e feriu de raspão o ombro de seu irmão. Aluno do 8º ano na EMEF (Escola Municipal de Ensino Fundamental) Oziel Alves Pereira, Jordy trabalhava com o pai em uma oficina de motos da família, não era criminoso nem possuía antecedentes , não usava drogas, jovem promissor infelizmente foi mais uma vitima do genocídio da Juventude Preta . Nos do "Quilombo Urbano 0.M.G Centro de Referencia da Juventude Preta e da Periferia” indicamos Jordy para que nunca se esqueça como nos jovens de periferia no século 27 estamos sendo tratados pelo estado e suas forças, a morte de Jordy que abalou toda uma comunidade , além de tristeza representa as inúmeras historias que como esta não acontecem só em Rio de Janeiro e São Paulo mas acontece aqui em Campinas.
Sou Mulher pro que der e vier tenho força e raça. Sei cantar...(composição: Moleque Silveira)
Essa letra é parte da música “Sou Mulher”, gravado em seu CD: Conquista com produção de Duarte Madureira/RJ (in memorian)/2003.
Aureluce nasceu em Campinas e como à maioria das mulheres negras, trabalhou e criou seus filhos. Na família através do Coral Maria Neves Baltazar, ensaiou suas primeiras notas até se revelar por sua graça e presença de palco ao interpretar vários sambistas e encantando apreciadores de todas as idades, em 2000 no Projeto “Revivendo o Samba” – no Espaço Cultural Evolução, na cidade de Campinas/SP.
Neste show Aureluce Canta Cartola vem apresentando músicas memoráveis, desse grande compositor.
Fez participações acompanhadas pelo pianista Jorge Cury (in memorian), Quarteto de Cordas Vocais, Samba de Raiz, Velha Arte do Samba, Tantinho da Mangueira que participa de seu CD - Conquista, Tia Surica da Portela, Duarte Madureira, D. Ivone Lara e, outros representantes do samba. Atualmente, prepara-se para seu grande show artístico e lançamento de seu DVD, que além de grandes nomes da música, apresentará fotos, entrevistas e momentos especiais de sua carreira.
Moisés Donizete Ribeiro, muito conhecido nos meios artístico de Sumaré como Moisés Allon. Nascido na Capital, bairro da Penha.
Foi professor, ator e diretor.
Começou a fazer teatro ainda jovem, com apenas 16 anos, e foi neste meio que descobriu sua verdadeira vocação.
Mudou-se para Sumaré em 1985, onde passou a participar assiduamente do movimento cultural da cidade. Foi professor na escola municipal José de Anchieta e em outras escolas da rede estadual.
Em 1998, fundou a CIA TEATRAL MAKTUB, composta por integrantes de uma oficina que ministou em 1997. Dirigiu o espetáculo “Luar em qualquer cidade”, baseado na vida e obra de Carlos Drummond de Andrade, além de diversos outros espetáculos da companhia.
Compôs a Diretoria da FEDERAÇÃO CAMPINEIRA DE TEATRO ASSOCIATIVO, FECAMTA de 2005 a 2009.
Uma mulher paraibana, negra e de origem humilde.
Nasceu na Paraíba e no início da adolescência foi para o Rio de Janeiro onde viveu
no morro do São João, em 1998 mudou-se para Campinas-SP onde morou até
falecer em janeiro de 2018.
Minha mãe foi estudar o magistério quando eu já era criança e antes disso ela já
havia trabalhado na creche comunitária do morro onde moramos no Rio de Janeiro.
Com jornada tripla entre trabalho, estudo e maternidade, terminou o magistério e foi
para a universidade, mestrado e ingressou no doutorado todos em universidade
pública porque essa era a educação que ela acreditava. Profissional extremamente
competente e comprometida em tudo que se propunha a fazer.
O que movia minha mãe era a educação, não era só uma profissão, era a vida dela.
Ela mudou a vida da nossa família através da educação, ela se dedicou
incansavelmente a defender uma escola pública de qualidade e para todos.
Foi professora desde a educação infantil à universidade contribuindo para formação
de novos professores, lembro de minha mãe ter estudado e ensinado todos os dias
de sua vida.
Sempre entendeu e defendeu a educação de qualidade como caminho de
transformação social para a população negra e pobre exatamente como ela.
Atuante no movimento negro, sempre na luta pela igualdade racial e o combate ao
racismos. Conversar com ela sobre o tema era uma aula sobre a história do Brasil e
suas desigualdades, levando essa causa para o ambiente escolar contribuindo na
criação do programa MIPID (Memória e Identidade, Promoção da Igualdade na
Diversidade) que hoje é tão importante na rede municipal de Campinas onde todos
os educadores têm formações que levam a reflexão da prática pedagógica no que
tange às relações étnico-raciais.
Hoje como professora tenho nela minha maior inspiração profissional, cada vez que
vejo os cadernos temáticos da prefeitura de Campinas em especial o que trata das
relações étnicos-raciais vejo suas contribuições marcadas na educação que
acontece hoje em Campinas.
Gostaria que ela fosse sempre lembrada por ser essa mulher que amava a
educação e atuante nas politicas publicas pra igualdade racial deixou sua
contrubuição na historia da educação e do movimento negro de Campinas.
Por: Iolanda Marques Temoteo Dorta (filha)
Anos 40 guerra mundial- Alemanha
nazista segregando o povo judeu e não
branco nos campos de concentração.
No Brasil racista o povo preto e não
branco já se encontrava segregado em
territórios periféricos da cidade e pela
injustiça político social.
Em algumas cidades, como Campinas-SP
pretos e brancos andavam em calçadas
opostas no território urbano central.
Como também, era proibido de
frequentar os Clubes Socias espaços
dos brancos . Viviamos o apartheid à
moda brasileira.
Foi então que um grupo de 3
ex-combatentes da guerra, referenciados
pelo sr. Benedito Carlos Machado
compraram na Vila Industrial - bairro
operário da cidade uma chácara - da
Árvore Grande . Neste local fundaram um
Clube para a população preta da cidade.
Surgiu então o Machadinho, espaço de
alegria, dança, e festa. Mas, também, de
discussão, de combate, e enfrentamento
da ignorância perversa do racismo -
Quilombo Urbano , referência da
resistência negra de Campinas há 76
anos.
Zenaide Cecília Pereira da Silva (Campinas, 19 de janeiro de 1956 - Itaguaí, 17 de setembro de 2011),
mais conhecida como Zenaide Zen, Zenaide Zenah, Zenaide D'jadillê e Zenaide da Silva, foi uma atriz,
apresentadora, bailarina, compositora, coreógrafa, professora, escritora, modelo, poetisa, tradutora,
ativista e griote brasileira.[1]
Biografia
Nascida em uma favela de Campinas, no interior do Estado de São Paulo, Zenaide perdeu o pai aos dois
anos. Passando por diculdades sua mãe, Doracy Moraes Pereira da Silva, entregou-a aos cuidados do
orfanato e colégio de freiras próximo para que lá fosse educada. Mesmo frequentando a escola católica,
Zenaide continuou seguindo a religião de matriz africana de sua mãe. Aos 14 anos já falava
fluentemente o inglês. Em 1973 ingressou no Grupo de Teatro Evolução de Antônio Carlos Silva (TC),
Benedito Luiz Amauro (Lumumba), Jonas Lemos e Jorge Mateus. O grupo é um marco importante do
movimento negro brasileiro dos anos 1970. O repertório do Evolução era todo desenvolvido em um
processo autoral de criação coletiva com uma estética original que exigia a presença de corpo inteiro
dos atores no palco, com voz, expressão corporal, canto e dança. As peças, dentre elas História do
Samba, Sinfonia Negra, O Príncipe Poeta, Gangazumba e Encontro com Deus, buscavam denunciar as
condições de desigualdade, exclusão e preconceito sofridos pela população negra. O grupo apresentava-
se em cidades do interior e do litoral do estado e, em sua trajetória, compreendida entre os anos de
1973 a 1976, contribuiu para a criação de movimentos político-culturais nesses locais.[2] Em 1977
Zenaide mudou-se para São Paulo buscando melhores oportunidades e, nos palcos paulistanos,
destacou-se como atriz e dançarina em Escuta, Zé!, uma adaptação do texto Zé Ninguém do psicanalista
Wilhelm Reich com a bailarina Marilena Ansaldi e com a direção de Celso Nunes.[3][4] Em uma peça
exclusivamente de artistas brancos, Zenaide colaborou na criação dos monólogos para o seu
personagem, reivindicando sua negritude:
“Não sei por que eu sou negra.Não sei por que você é branco.Nem você, aposto! Mas, desta diferença, e
da nossa ignorância, nascem mais desgraças do que felicidade. Há todo um desequilíbrio social,
equilibrado em si mesmo, nascido destas raízes”.
1. Nós Racistas, Trecho do monólogo